sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

"BEXIGA: UM BAIRRO AFRO-ITALIANO" CONTA UM PEDAÇO DA HISTÓRIA PAULISTANA

Texto: Carlos Primo Vaz

O livro "Bexiga: Um Bairro Afro-Italiano" é um lançamento da editora Anna Blume e conta a história do bairro no qual está instalada a Casa Mestre Ananias. O jornalista Márcio Sampaio de Castro, autor do livro e descendente de negros, teve entrevista veiculada nesta manhã de sexta-feira pela rádio CBN, em São Paulo.

Márcio falou sobre a origem da localidade, onde ergueu-se no século 18 a Chacára do Bexiga (o terreno da chácara foi loteado a partir do final do século 19).

No bairro, segundo Márcio, ocorreu o "fenômeno dos quilombos urbanos", pois nele vinham se esconder negros (que fugiam das casas de famílias brancas na cidade e das fazendas de café) durante o período da escravidão.

Havia a predominância de negros habitando certas áreas (como as margens do rio Saracura), enquanto os imigrantes italianos, vindos principalmente da Calábria (séculos 19 e 20), ocupavam as áreas mais altas, onde não ocorriam enchentes (como o Morro dos Ingleses).

O jornalista também contou que essa área próxima ao Saracura (onde se localiza a escola de samba Vai-Vai hoje) foi conhecida por "Pequena África", tamanha era a população negra que ali habitava. O batuque e o samba dos negros era motivo de repressão do Estado, pois a "polícia ali chegava quebrando os instrumentos musicais", numa época não muito distante.

Uma das histórias contadas no livro trata do nascimento da Pastoral Afro na paróquia de Nossa Senhora de Achiropita (localizada na rua 13 de Maio), para depois se difundir na Igreja Católica por todo o Brasil.

O nome do bairro, também escrito como Bixiga, pode ter sido modificado por moradores que não gostariam que o local tivesse uma associação direta com bexiga (sinônimo de varíola). Mas, se forem consultados os mapas, Bela Vista é o único nome que denomina oficialmente a localidade.

Leia! A leitura abre as portas da imaginação e nos torna cidadãos conscientes.

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